Na construção moderna, especialmente em áreas onde ocorre atividade sísmica, é essencial garantir a segurança e estabilidade das estruturas através da utilização adequada de ancoragens pós-instaladas sobre betão.
Na Europa, o cálculo destas fixações sob condições sísmicas realiza-se com base no Eurocódigo 2, parte 4 “Conceção de estruturas em betão. Conceção de fixações para utilização em betão”. No mesmo são estabelecidas 2 categorias para o cálculo sísmico de fixações: C1 e C2.
Este documento centra-se nas categorias C1 e C2, descrevendo as suas aplicações e requisitos segundo a localização geográfica, tipo de edifício, tipo de solo e tipo de estrutura.
As ancoragens devem ser previamente avaliadas para o funcionamento sob ações sísmicas numa ou ambas as referidas categorias. Os desempenhos correspondentes figuram nas homologações europeias correspondentes (ETE)
Conceção sísmica: categorias sísmicas C1 e C2
As categorias sísmicas para ancoragens mecânicas sobre betão na Europa são definidas principalmente em função das ações sísmicas previstas e das condições específicas do projeto. Estas categorias ajudam a determinar as especificações de conceção e a seleção das ancoragens adequadas para garantir a resistência e durabilidade das estruturas sob cargas sísmicas.
- Categoria C1: Aplica-se a situações com exigências sísmicas moderadas. As ancoragens devem ser capazes de suportar cargas sísmicas que não sejam extremamente elevadas, mas que também exijam considerações especiais para assegurar a integridade estrutural.
- Categoria C2: Aplica-se a situações com exigências sísmicas severas. As ancoragens nesta categoria devem suportar cargas sísmicas significativas e, como tal, exigem especificações mais estritas e ensaios rigorosos para garantir o seu desempenho.
Factores que influenciam a classificação sísmica
Localização geográfica
A localização geográfica na Europa influencia significativamente na classificação sísmica devido à variabilidade da atividade sísmica em diferentes regiões. Existem mapas nacionais específicos de risco sísmico em função da localização geográfica da obra; este risco é representado como ag. (aceleração de cálculo do solo em solo do tipo A). Por exemplo:
- Regiões de Alta Atividade Sísmica: Países como Itália, Grécia e Turquia têm zonas com elevada atividade sísmica. Nestas áreas, a categoria C2 é frequentemente exigida para a maioria das aplicações devido à maior probabilidade de terramotos severos.
- Regiões de Baixa a Moderada Atividade Sísmica: Países como Alemanha, França e Reino Unido têm áreas com menor atividade sísmica. Aqui, a categoria C1 pode ser suficiente para muitas aplicações, ainda que em zonas específicas de elevada atividade sísmica nestes países, a categoria C2 também possa ser necessária.
Tipo de edifício
Os edifícios são classificados em diferentes categorias segundo a sua importância e utilização, o que influencia os requisitos de ancoragem sísmica:
- Edifícios Tipo I: Edificações de baixa responsabilidade e risco para as pessoas. A categoria C1 é suficiente.
- Edifícios Tipo II: Edificações comerciais, residenciais e de escritórios. A categoria C1 deve ser adequada, ainda que em zonas de elevada atividade sísmica se possa exigir C2.
- Edifícios Tipo III: Infraestruturas públicas como escolas e teatros. A categoria C2 é preferencial devido à necessidade de assegurar a funcionalidade pós-sismo.
- Edifícios Tipo IV: Edificações críticas como centrais nucleares, hospitais e centros de operações de emergência. Exige-se sempre a categoria C2 devido às graves consequências de uma falha estrutural.
Tipo de solo
O tipo de solo tem influência na amplificação das ondas sísmicas e, consequentemente, na seleção da categoria sísmica:
- Solo Rígido (A): Apresenta menor amplificação de ondas sísmicas. Pode permitir a utilização da categoria C1 em muitas situações.
- Solo Médio (B e C): Apresenta uma amplificação moderada de ondas sísmicas. Dependendo da gravidade da atividade sísmica local, pode ser exigida a categoria C1 ou C2.
- Solo Macio (D e E): Alta amplificação de ondas sísmicas. Geralmente a utilização da categoria C2 é exigida para assegurar a estabilidade estrutural.
Para cada tipo de solo é estabelecido um “fator de solo” S.
Tipo de estrutura
As estruturas são classificadas como estruturais ou não estruturais, o que determina as exigências para as ancoragens:
- Estruturas Estruturais: Incluem elementos essenciais como colunas e vigas. Exigem maior resistência e, portanto, a categoria C2 é geralmente necessária para assegurar a estabilidade sob cargas sísmicas.
- Estruturas Não Estruturais: Incluem elementos como divisões interiores e sistemas de fachada, cuja falha não compromete a estabilidade estrutural da obra. A categoria C1 pode ser suficiente, ainda que em zonas de elevada atividade sísmica ou em edifícios tipo IV, possa ser exigida a categoria C2.
Seleção de conceção de fixações sob categorias sísmicas C1 ou C2
No anexo C do Eurocódigo 2, parte 4, é indicado o critério de conceção sísmica em função do nível de atividade sísmica da zona, da importância da construção, do tipo de solo e do elemento a fixar:
Nível sísmico | Classe de importância do edifício | ||||
Classe | ag S | I | II | III | IV |
Muito baixo | ag S ≤ 0,05 g | Não requer categoria sísmica | |||
Baixo | 0,05 g < ag S ≤ 0,1 g | C1 | C1 ou C2 | C2 | |
> baixo | ag S > 0,1 g | C1 | C2 | ||
ag; aceleração de cálculo do solo S: fator de solo C1 para fixação de elementos não estruturais a estruturas C2 para fixação de elementos estruturais a estruturas |
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