Em seguida, são apresentados os diferentes aspetos técnicos das ancoragens mecânicos e químicas instaladas em betão. São especificadas diferentes situações pelas quais uma ancoragem corretamente instalada pode falhar e são detalhadas as principais falhas que poderão sofrer e o motivo pelo qual se produzem.
Durante o processo de cálculo e verificação, é necessário verificar se a instalação é suficientemente resistente para resistir diante das seguintes situações:
Diferencia-se em função das cargas às quais as ancoragens são sujeitas, as falhas foram divididas naquelas às quais se aplica uma carga de tração e às quais se aplica uma carga de corte. Só é necessário verificar estas categorias no caso de existirem cargas combinadas de tração e de corte.
TRAÇÃO
1. Falha do aço
Modo de falha caracterizado pela fratura da parte metálica da ancoragem. Produz-se quando uma ancoragem é sujeita a uma carga de tração superior à resistência do aço. A falha produz-se habitualmente na zona de menor secção. No caso das ancoragens de rosca macho, a rotura produz-se na zona do grampo; parte da ancoragem ficará dentro do furo de instalação, partindo por cima do grampo.
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2. Falha por extração
Modo de falha que se caracteriza pelo facto do corpo da ancoragem se extrair sem que se alcance a resistência do betão por completo. Produz-se quando a carga de tração aplicada à ancoragem supera a força de fricção ou fixação entre o mecanismo de fixação e a face interna do betão, produzindo a extração completa da ancoragem. No caso das ancoragens de rosca macho, o grampo costuma ficar dentro do furo extraindo o eixo na íntegra. Este tipo de falha aplica-se apenas a ancoragens mecânicas.
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3. Falha por cone de betão
Modo de falha caracterizado pela rotura do betão. Produz-se quando a carga de tração à qual a ancoragem é sujeita é superior à resistência do betão, produzindo-se uma rotura do material base em forma de cone invertido. Esta falha está diretamente relacionada com a profundidade de instalação e com a classe de resistência do betão.
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4. Falha combinada por extração e cone de betão (Químicas)
Modo de falha que se caracteriza porque a falha ocorre na interferência entre o material colado ou argamassa e o material base, ou entre o material colado e o elemento metálico (falha por adesão) e que, além disso, contém um pequeno cone de betão na parte mais alta ou próxima à superfície de betão. Produz-se quando a carga de tração à qual a ancoragem química é sujeita é superior à resistência de aderência. Este tipo de falha só se aplica às ancoragens químicas e a sua verificação não dispensa a verificação dos restantes tipos de falha.
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5. Falha por fissuração:
Modo de falha caracterizado porque o betão se fratura ao longo do plano passando através do eixo da ancoragem ou ancoragens. Nestes casos produz-se uma fissura no material base que anula a capacidade de fixação da ancoragem. Produz-se quando a carga de tração à qual a ancoragem é sujeita é superior à resistência do betão dadas as circunstâncias particulares. Só necessita de ser verificado quando a distância até à margem do elemento de betão é inferior à distância crítica de fissuração (scr,sp) no caso de uma ancoragem isolada ou 1,2 vezes a distância crítica de fissuração num grupo de ancoragens.
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CORTE
1. Falha do aço sem braço de alavanca
Modo de falha caracterizado pela fratura da parte metálica da ancoragem. Produz-se quando uma ancoragem é sujeita a uma carga de corte superior à resistência do aço. A falha produz-se habitualmente na zona da ancoragem nivelada com a superfície do material base. No caso das ancoragens de rosca macho, a rotura produz-se na zona roscada.
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2. Falha do aço com braço de alavanca
Modo de falha caracterizado pela fratura da parte metálica da ancoragem por flexão. Produz-se quando uma ancoragem é sujeita a uma carga de corte superior à resistência do aço à flexão. A principal diferença em relação à falha sem braço de alavanca é a discrepância entre a superfície do material base e a placa de ancoragem. Isto cria um momento de flexão.
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3. Falha por margem de betão
Modo de falha que se caracterizada pela rotura da margem do betão. Produz-se quando a carga de corte à qual a ancoragem é sujeita é superior à resistência da margem do betão, causando a rotura do mesmo entre a margem deste e a ancoragem
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4. Falha por fragmentação
Modo de falha que se caracteriza pela formação de um rompimento do betão no sentido oposto à direção de aplicação da carga de corte. Produz-se quando a carga de corte à qual a ancoragem é sujeita causa uma fragmentação na zona neutra do material base desde o ponto em que está aplicado o esforço de corte que anula a capacidade de fixação da ancoragem.
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